Dia 161 - Dia loooongo

No caminho de casa para o trabalho, surgiu a oportunidade perfeita pra falar com o Brian. Foi fácil, sem choro, grito nem gagueira. Foi tão como se eu estivesse falando comigo mesma que eu nem sei se ele me ouviu... Ele falou que queria guardar dinheiro, eu falei que eu também queria mas que eu não podia, porque eu tenho que pagar minhas contas. Falei que não era fácil, mas que também ninguém disse que ia ser. Ele falou que entende que ele não faz parte do pacote matrimonial e eu disse que, com certeza - por mais que eu goste dele, não foi pra ele que fiz minhas promessas no dia do casamento: o nome dele não foi mencionado quando me casei com o irmão dele. Ele falou que ele não sabia se era eu ou o Sean que não conseguia entender que ele não tinha condições de ter saído daqui antes e que não era agora o momento de começar a ficar irritada, já que ele está prestes a sair (só não tem certeza de que dia). E eu disse que eu não estava irritada de agora, mas tenho estado incomodada faz pelo menos dois meses. "Quando o Sean pediu pra você ficar na minha casa porque ninguém mais queria acomodar você, eu falei ok, por 5 dias eu posso fazer isso. Mas aí 5 dias virou 10, 15, 25, 30, 40, 50 e agora talvez virem 60. Fui eu que fiquei enchendo o saco do Sean todo esse tempo pra ele falar com você, porque eu quero minha vida de volta com somente o meu marido. E outro dia eu fui no Budget Suites e tudo o que eles precisam é de $200 e uma identidade válida e você tá pronto pra mudar. E você ganha mais que eu no seu trabalho e ainda assim eu pago todas as contas. O problema é que você está fazendo com a gente o mesmo que fez com o Dale: ficou na casa dele de graça, trabalhando e esperando que ele sustentasse a família dele e você também. Não ofereceu nenhuma ajuda e quando ele se encheu e pediu pra você sair, você começou a falar mal dele. E quando você estava morando com o Ricky, ele pagando todas as suas contas e você ainda se acha no direito de arranjar briga com ele e sair falando mal dele também." Eu perdi grandes oportunidades de dizer boas verdades pra ele, mas pelo menos o básico foi entregue. Por exemplo, quando ele disse que o Dale fez um acordo com ele e por isso ele saiu falando mal, eu devia ter dito que provavelmente o acordo não era pra sustentar vagabundo. Quando ele disse que julga as pessoas pelo caráter, eu devia ter perguntado o que ele acha que as atitudes que ele tem pra quem o ajuda demonstram sobre o caráter dele. Porque, meu amigo... ninguém que te conhece quer te ajudar e isso deveria te dizer alguma coisa.
O silêncio reinou depois disso e agora eu me arrependo de ter deixado tanta coisa ainda por falar. Mas no fim do dia, quando ele chegou em casa, o cara da casa que ele está vendo pra se mudar ligou pra ele e estou achando que vai rolar. Me incomoda ter que esperar uns dias ainda, principalmente se o acordo era ele sair 1 dia atrás, mas aparentemente meu destino é mesmo me conformar.
Depois disso, foi o Sean. Ontem ele fez entrevista pra entrar na Viator, deram a vaga pra ela ali, na hora, mas ele disse que tinha mais uma entrevista pra fazer e que daria a resposta hoje. Ele foi pra casa do Brenden pra fazer as contas da CGTours, saber se valeria a pena se dedicar integralmente ao negócio, ou se era melhor aceitar a posição na Viator. Primeiro ele me mandou uma mensagem dizendo que ia optar pela GCT, o que me deixou furiosa porque se ele sabia desde o começo que ele não queria a vaga lá, pra que é que foi queimar a oportunidade de tentar depois, e principalmente queimar meu filme? Porque ele sair por aí fazendo entrevistas só pra testar empregabilidade já é um desrespeito com o tempo dos outros, imagina o tamanho que fica o desrespeito quando se desperdiça o tempo dos meus chefes? E quando eu fui pro banheiro chorar de raiva, ele mandou outra mensagem dizendo que ia sim, aceitar o emprego. Quando perguntei pra ele o que aconteceu, ele disse que os números provaram o que ele achava saber: GCTours não rende um dolar por mês.
O que eu não curto é que ele vai entrar as 4 da manhã e eu morro de pena de ver ele levantando cedo assim. A parte boa é que em um mês a gente vai estar morando a menos de 5 minutos do trabalho, então ele pode levantar um pouquinho mais tarde.
E depois de tudo isso, quando a gente chega em casa, o Mag chama a gente pra ir na casa do Joseph e da Esme, assisir a luta de boxe. Eu não tava no pique de jeito nenhum, cansada pelas duas lutas de boxe que eu já tinha tido no dia... Mas achei melhor ir pra não ser taxada anti-social... Estavam todos lá, a Esme fez uma comidinha deliciosa que o Sean não conseguia parar de comer, os meninos sendo moleques, e o que me restava fazer era dar risada.