quinta-feira, 26 de julho de 2012

Dia 208 - Vitória

Quando você teme alguma coisa e você supera seu medo, a sensação é de plenitude. Quando você teme uma coisa por 19 anos e de repente resolve ir em frente e ignorar todas as razões que te deram pra te fazer sentir incapaz de superar esse medo, a sensação é indescritível. Poucas pessoas acreditaram em mim (somente 3 pra ser mais exata) e a essas pessoas eu agradeço eternamente pois foram elas que me libertaram da prisão em que fui trancafiada 19 anos atrás. Enquanto alguns arrumavam desculpas pra me manter "encarcerada" e outros desistiram de tentar ajudar, minha irmã me ofereceu o carro dela todas as vezes que a gente se encontrou, assim sem medo, querendo me ver vencer (e era sempre com dor no coração e muita vergonha que eu sempre declinava da oferta). O Brian escolheu me deixar dirigir todo o caminho da minha casa até o trabalho, pegando a freeway pela primeira vez, tendo que dirigir em altas velocidades, mesmo que ele pudesse ter feito isso muito melhor que eu. E principalmente o Sean, que insistiu sempre, sempre e sempre: me emprestando o carro dele, me ajudando a comprar o meu e me jogando na estrada mesmo, sem desculpa, me forçando a dirigir. E por mais que tenha sido aterrorizante pra ele vendo eu cometer erros de iniciante, ainda assim ele conseguiu ser mais forte que o meu medo de fracassar, ou de provar pra mim mesma que eu era o fracasso que me disseram que eu era...
Hoje, no entanto, uma página se virou. Ainda que eu não tivesse me aperfeiçoado na baliza, ainda que eu estivesse acostumada a dirigir sozinha só 2 milhas por dia, ainda que eu continuasse pedindo conselhos pro Sean enquanto na rua, resolvi fazer a prova assim mesmo, com a cara e com a coragem. Dessa vez eu tinha mais confiança em mim e mesmo que eu não conseguisse passar, não seria novidade, eu não tirei minha carteira na primeira tentativa no Brasil. Eu já tinha reprovado antes e quer saber o que mais? Não conseguiu na primeira, tenta de novo, e de novo e de novo, quantas vezes forem necessárias. O certo é que se eu não tentasse nunca, aí que eu não ia passar mesmo.
E lá fomos nós, o Sean e eu e a Cutie Petutie - uma família inteira na expectativa.
A primeira coisa que eu disse pro agente é que eu estava nervosa já pra dar o tom do teste. E ele foi super nice, falando suave e devagar, com a maior paciência. A primeira recomendação dele foi pra eu relaxar porque o teste não ia ser difícil. E não foi mesmo! Dirigi um montão, pra direita, pra esquerda, pra lá e pra cá... e o tempo todo batendo papo com ele e ele sempre dizendo que eu estava indo bem. Sem contar que ele nunca tinha andado num Fiat 500 e estava curioso pra saber como era. (hihihi) E a experiência deve ter sido boa, porque ele me passou com 89% de aproveitamento. Na primeira. Assim, sem reprovar.
E o Sean agora está todo orgulhoso de mim porque eu finalmente consegui vencer aquilo me empatou, me entristeceu e principalmente me envergonhou durante metade da minha vida. E eu falei pra ele que essa vitória não é só minha não: tivesse ele desistido como todo o resto, eu não ia ter um motivo pra comemorar hoje.




Pode vir, Seu Guarda, que agora eu tenho uma carteira de motorista pra te mostrar!

3 comentários:

  1. Uhuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu, vem ni mim seu guarda! hehehehe... Déinha, meu amoreco, vc merece muito essa vitória, ter carro e ter habilitação é ter liberdade, bem vinda! to feliz demais com sua conquista. um beijo enorme

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  2. bunitinha, great job!!! agora vc pode MESMO dirigir meu carrinho anytime ;) love you!

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  3. Parabéns filhinha enfim vc se superou! Bjs boa sorte

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